sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Eu e o Bem-te-vi namorando os namorados, quedamos, eu e ele, assim apaixonados pelo casal de amor de nós alheado. Quiséramos, eu e o bem-te-vi, termos um amor assim tão amado. Um pouco igual que nos fosse dado, por nós já seria apreciado. Qualquer amor assim que nos fosse agraciado. Um amor assim tão amado!

 

Olho pra noite de cima. Cresci, estou segura já posso me defender nada mais me fratura.
A porta está trancada, conferi mais uma vez. A coberta está puxada, escondida toda nudez.
Parte alguma descoberta, porta alguma aberta, desnecessário ficar desperta.
Convido, então, o sono, doce abandono pra ser meu dono.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

 

No filme O Último Vice-rei (2017), Gandhi, já tendo conseguido o feito incrível de libertar pacificamente a Índia até então colonizada pela Inglaterra, apresenta a solução justa e também pacífica para o conflito INTERNO entre os que queriam a Índia intacta como uma nação, e os que desejavam estabelecer um estado muçulmano separado, o Paquistão. Sobre este último intento, porém, não consegue êxito, e o país mergulha numa cruel guerra civil, sendo chacinadas aldeias inteiras, inclusive mulheres e crianças.
Dito isso, a cena que ficou marcada em minha memória, a que me fez cair o queixo, apresenta o terraço de um edifício onde algumas mulheres estão refugiadas, enquanto olham as ruas povoadas pelo ódio e pela fúria. Gandhi, deitado no chão, dorme placidamente.
É isso! Perfeito! Ele tem a paz alcançada por quem fez tudo que estava a seu alcance.
Entendi, Mahatma! Faço meu melhor, mas o outro só se cura se quiser. E fico bem comigo, seja qual for a escolha dele.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

 

Senhor Deus do Universo,
Por favor, me perdoe se, às vezes, me sinto tão pequena, tão desamparada. Isso é duvidar de Seu amor, de Seu amparo, de Seu cuidado, de Sua partícula que existe em mim. Esse sentimento me afasta de Você, pois me fragiliza, o que é um terreno fértil para as dúvidas e incertezas que corroem e enfraquecem, empalidecendo o vínculo sagrado que tenho com Você. Que eu me lembre, nessas horas, que “Eu e o Pai somos Um”.
Mas também, por favor, Pai Divino, me perdoe se, algumas vezes, me acho grande demais, permitindo que o orgulho e a vaidade sejam mais fortes do que a humildade e o serviço ao próximo que Seu Filho tanto pregou e dos quais foi o maior exemplo. Essa soberba também me afasta do que sou. Que eu me lembre, nessas horas, que, perante Você, somos todos iguais!
Peço ainda que me perdoe se, volta e meia, me pego a temer por mim e pelos meus. Isso é vacilar na fé que devo ter no plano divino que traçamos juntos; é não acreditar que tudo é para meu crescimento e aprendizado; e tudo está certo do jeito que está. Que eu me lembre, nessas horas, que “não cai uma folha sem Sua permissão”.
Assim seja! Assim já é!

 

Ontem abri as comportas. 
Águas banharam minha alma, saciaram meu coração qual aquela antiga canção.
A dor anônima pedia passagem. Sem que eu entendesse, ela encontrou a chave.
Como num moinho, minhas lágrimas me deram força, me levantaram do espinho.
Deixo-me desfazer para a água me refazer como preciso ser.
Tenho agora toda a forma da água, toda a força da água, todo o fogo da água.
E a metamorfose vira poesia que esfarela, sedimenta e sacia do romper ao findar daquele dia que com minha dor bulia.


 


Acreditar que tudo está certo do jeito que está não é conformismo; 
é confiança no próprio plano divino.
Confiar que tudo será da maneira que precisar ser não é comodismo; 
é fé na sabedoria do Universo.
Aceitar que você fez tudo o que era possível não é egoísmo; 
é autoperdão.
Entregar para a Divindade, que pode fazer mais e melhor, 
é acreditar, aceitar, confiar e agradecer!

 

E se experimentássemos um olhar novo...
- sobre nós mesmos?
Sem julgamentos, arrependimentos ou cobranças. Um ver-se com bondade, compreendendo que tudo o que fizemos foi o que era possível no momento. Reconhecendo e aceitando que fomos o que era possível ser. Isso é mais do que autoperdão: é descobrir que não há o que perdoar. Em mim, essa perspectiva – essa compreensão – abriu espaço para eu ser mais e melhor.
- sobre os outros?
Sem críticas ou exigências. Uma visão de irmão que abarca o outro e traz para o coração, que é de onde todo olhar deve partir. Isso é mais do que amar: é ser UM, pois não existe OUTRO. Em mim, esse entendimento – essa percepção – torna o caminhar mais leve.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A chuva hoje me lavou de mim
me levou de mim
para cantos frágeis
paragens carmins.
Com a doçura da água
me fez percorrer
íntima estrada.
Não doía o que via
dor não mais havia.
Chuva sabe a hora de mostrar:
quando se preparado está.

Enquanto houver flores
a polinizar amores,
de nossos sonhos seremos senhores,
potenciais realizadores.


Quanto de tudo existe neste pingo suspenso na fresta do fértil vento, 
do inexistente tempo?
 Quanto dele é lamento? 
Quanto é acalento? 
Carrega o vento nesta água sofrimento? 
Mais tristeza ou mais alumbramento?
Diz-me o cego senso 
que sopra o vento apenas meu puro deslumbramento 
pelo pingo que carrega o vento.



Pai Divino, ao começar este ano que será maravilhoso, 
ponho-me em Seus Braços para agradecer pela dádiva da vida:
respiro vida, sorvo e me nutro de vida, 
tudo que me envolve é vida.
Compartilho vida com tantas e tantas outras vidas! 
Tantas que nem posso imaginar, neste lindo planeta que é... 
vida!
Doravante, Criador, vou celebrar o presente da vida em todos os seus aspectos, 
serei grata por todas as suas manifestações, 
amarei cada forma que ela tomar.
Começarei por honrar e agradecer a partícula de Sua vida, Pai, 
que existe dentro de mim.

 


Dizem que tenho olhos de água. 
Acho que é porque choro as lágrimas que minha mãe não chorou.
Falam que tenho voz embargada. 
Acho que é porque guardo o pranto que minha avó não derramou.
Linhagem de mulheres fortes. 
Sofrimento foi inominável, não restando tempo para lamento.
Era preciso sobreviver e labutar. Por elas e pelos filhos, sozinhas, contra o mundo, lutar.
Sou o que elas não puderam ser: derramamento, prazer, bem viver.
O legado de dor represada fez em mim morada.
Tudo bem, minhas amadas. Sou forte também.
Mas de uma fortaleza que deságua!