quinta-feira, 25 de março de 2021

 

Sou de carne
que treme quente
também sou verbo
açoite ardente
Sou de verbo
aquele da boca
e sou mente
que não é pouca
Sou de mente
caldeirão do mundo
sou sentimento
raso profundo
Sou de sentimento
no coração na pele
sou total energia
que toma e repele
Sou chama divina
bendita eterna sina.

quarta-feira, 24 de março de 2021

 Saio cada vez mais de mim.
De meu eu apertado
já nasci sufocado.
Só sei ser assim!

Olhos abertos
ou fechados
arrebentam cadeados
de tudo que está perto.

Meu viver é largo,
borda sem fim.
De mim
preciso estar apartado.

E vou sempre mais longe,
te dizer não sei onde.
Asas são meu bonde!

segunda-feira, 22 de março de 2021


 

A lua sonolenta se despede de meus olhos insones.
De longe, a solidão da noite espreita o abandono que me consome.
- Fique ainda um pouco mais, lua minha! Não me deixe aqui sozinha.
Ela, mesmo com pena, se vai.
E o estar só de mim se avizinha. Tudo bem, solidão é também companhia.
Não lamento.
Posso, assim, ouvir meus pensamentos.
Quando o mundo se cala,
é possível ouvir
de Deus a fala.

 

Declaro ao Universo que estou pronta a ser renovada, redimida, "resetada",
juntamente com a estação que se inicia.
Que, assim como o outono, eu possa deixar ir 
o que foi necessário, importante,
mas não me serve mais.
Apegar-me a partes mortas é gastar energia necessária ao essencial, ao imorredor.
O que incomoda, aperta, dói
está precisado de ser deixado, largado, despedido.
Agradeço e reverencio, mas vou me despedindo, a cada dia deste ciclo,
de partes minhas obsoletas.
Sacudo-me com ventos que propiciam
renovação, renascimento.
Jazem, no chão de minha existência,
pequeninas eus que tiveram a missão de me sustentar até aqui.
Já posso seguir sem vocês, minhas amadas.
Agradeço pela sustentação.
Já tenho asas!

terça-feira, 2 de março de 2021

 Dor alguma é inútil,
Nenhum sofrimento é fútil.
O que nos chega
é o que precisa chegar.
Felicidade é conquistar.
Ventura sem merecer não há.
Se de amor eu transbordar,
Facilitará meu caminhar.
Tudo está certo
do jeito que está,
E aprendizado é o que
deve restar.
             

segunda-feira, 1 de março de 2021

 

Não ando. Meus olhos me levam.
Caminho e muito e gosto
Passeando com as vistas
Elas me carregam.
Não conto passos
Contabilizo paisagens
Miragens
Visagens

 

Não sei ser assim meio qualquer coisa.
Para viver, vivo de excesso!
Mesmo que seja de coisa alguma.
O nada me é tão caro
Quanto o exagero não é raro.
Quando pensam: Ah, te conheço.
Eu de mim vou e me esqueço!
De um eu sempre diferente...
padeço.
Comigo mesma não pareço.