terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Rios de minhas vidas


O rio desta minha vida já passou de meio século. Por esse aspecto, o vejo largo, caudaloso, imponente. Tamanha vivência lhe trouxe calma, prudência, profundidade, expansividade, acolhimento. Olho para ele e posso me orgulhar do quanto cresceu e se fortaleceu, enquanto corria, lutava e conquistava espaço, sempre avançando, sempre crescendo, sempre sendo, metro a metro, o que nasceu para ser: um gigantesco rio a se espelhar e se dirigir para o mar.
Então, por que ainda me sinto um córrego, praticamente uma nascente?
Para responder a essa contradição, tomei meu eu-regato pela mão, e fomos em direção à minha fonte que – descobrimos! – é a Fonte De Tudo Que Há.
E foi aí que entendi: sou grande em relação a tudo que cresci nesta vida; mas sou pequena, nesta vida, se comparado a tudo que sou com a Fonte, a tudo que venho sendo com a Fonte.
O grande rio que sou nesta vida é pequeno se comparado à soma dos rios que já fui e serei com a Fonte.
Ah, tudo bem. Entendi. Agora estou em paz com esses dois sentimentos que pareciam contraditórios, mas que se explicam em suas reais dimensões: sou mais do que estou!