segunda-feira, 13 de setembro de 2021

 

Subindo pelo abacateiro, chegava ao muro sobre o qual caminhava até a laje da caixa d'água para a qual me içava com um impulso grande do corpo pequeno. Dali, esgueirando sob fios elétricos e driblando canos, chegava ao paraíso: o telhado da casa ainda quentinho do sol que acabara de se pôr!
Deitava-me nas telhas mornas como quem está no colo da terra, tendo como coberta um céu que entrava por meus olhos - ou era eu que me dissolvia nele? -, enquanto se pintava de um azul cada vez mais escuro; me perdia.
E a primeira estrela me trazia de volta pra terra, me tornando de novo o corpo da criança que eu era 23 horas por dia.
Ah, vi meus pés crescerem sobre aquele muro.
Aquela uma hora do dia me salvava de mim!
Gratidão imensa a meus olhos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário