quinta-feira, 29 de junho de 2017

Onde não há eu



No meu mundo interno
Cabem mundos sem fim
Encontro tudo de tudo
E me perco de mim.
 
É pra lá, então, que vou
Quedar no ego esquecido
Buscando sanidade e paz
Todas as vezes que preciso.
 
Foi assim antes, bem antes,
É também agora e durante
Será no infinito constante.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

A meu mestre de Reiki, Carlos Humberto Soares Júnior




Se me fosse anunciado
Que um anjo, um dia,
Eu conheceria,
Juro! Teria duvidado.

Se me fosse informado
Que um homem – Quem diria! –
Minha vida mudaria,
Talvez, eu tivesse hesitado.

Mas conheço, agora,
Carlos Humberto,
Ser lindo – E desperto! –
Por dentro e por fora!

Simplicidade e divindade
Encontram nele seu lugar.
Em Sabedoria e bondade,
Lembra o Cristo, seu par.
O saber que ele existe
Não me permite mais ficar triste.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Anverso



Sei agora o que sou:
Não a imagem no espelho
Que minha vista distorce,
Mas outra eu
Que dentro dela contorce.

Sei agora o que sou:
Não o que os outros veem
Reflexo da entorse,
Mas outra eu
Que em si destorce.

Sei agora o que sou:
Não o que pensava de mim
Que a vaidade torce,
Mas outra eu
Que esta retorce.

Sigo esperando expelir,
Talvez na tosse,
Esta outra eu
Que de mim,
Enfim,
Tomará
Posse.

domingo, 25 de junho de 2017

Quem me escondia





A tigresa me escondia.
Como minha pele,
Ela me envolvia.

A tigresa me escondia.
Antes de mim,
Ela quem surgia.

A tigresa me escondia.
Era minha senhora,
Mas isso acabou um dia

Onde a tigresa rugia,
A gata faz poesia.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Amado meu,




Amado meu,

Passaram-se muitos anos desde então, mas gostaria de lhe descrever aquele dia especial, aquele momento longínquo, para que saiba que, como naquele instante, amarei você durante toda a minha vida.

Naquele momento mágico, olhava-o, e meus olhos, inadvertidamente, foram capturados pelos seus. Presa de seu encanto, minha alma, inconsciente do perigo que corria, mergulhou em seu olhar com a confiança que o amor confere ao amado.

Perdi-me em você. Sua beleza, sua pureza, sua mansidão...

Pronto! Fui para nunca mais voltar!

Meu amor por você era tamanho que eu já não sabia mais de mim. Sentia-me uma extensão de você. Somente era possível ver-me realmente lá, no fundo de seus olhos, pois era somente ali que eu existia.

Sem saber mais de mim, vivo porque você vive, pois, se você fosse poeta, eu seria sua pena; se você fosse filme, eu seria seu cinema; se você fosse paisagem, eu seria sua pintura; se você fosse quadro, eu seria sua moldura; se você fosse mar, eu seria seu céu; se você fosse tinta, eu seria seu pincel; se você fosse gaivota, eu seria seu vento; se você fosse viajante, eu seria sua bagagem; se você fosse deserto, eu seria sua miragem; se você fosse movimento, eu seria sua bailarina; se você fosse mar, eu seria sua Ondina.

Ah, como gostaria de lhe dizer, todo dia, dessa minha infinita alegria de amá-lo, como queria! Transbordar e transbordar toda essa minha euforia!

Você me trouxe um tempo de quietude, do olhar mais detido, da voz mais mansa, do silêncio refletido. Sinto que é a vez da solicitude, do gesto lento, do calar o ego, do deixar-me ao vento.

Ser de você companheira é o que mais desejo; estar sempre que precisa, não apenas para o beijo. Ser aquela que ama, podendo até dizer não. Compreenda, meu amado, negativas amor também são.

Já saí pelo mundo, procurei em toda parte. Mas como encontrar fora, o que de mim é parte?

Tudo isso apreendi naquele mergulho em você que foi, na verdade, um emergir de mim. Se me fosse perguntado, diria que nada poderia interromper aquele idílio.

No entanto, você gritou, como a exigir atenção mais efetiva do que afetiva
_ Estaria na hora da mamadeira ou de trocar sua fralda? Ah, foi só a chupeta que caiu.