Quem eu fui me visitou
hoje, mas disse que não queria falar sobre nós.
Sabendo que não havia
outro motivo para ela ter vindo, comecei por elogiar o quanto ela sempre foi
corajosa, destemida, precursora: ser a primeira a ter curso superior, tanto
pelo lado materno quanto paterno; ser a primeira a sair de casa solteira para
morar sozinha; ser a primeira a ter um apartamento, um carro... é muito
pioneirismo!
Então, relaxando, ela
disse: “É preciso ser muito corajosa mesmo para enfrentar tudo pelo que
passei.”
Mas, já com voz
embargada, falou: “Pena que nem tudo deu certo.”
Abraçando-a carinhosamente
e trazendo-a bem para junto de meu coração, falei baixinho que ela fez o melhor
possível; era o que dava para ser feito, na época, com o que ela sabia.
E falei, ainda, “Graças
ao que você foi, graças ao que você conseguiu, devido ao que você plantou, eu
sou o que sou! Aceite, por favor, minha gratidão e minha reverência!”
E assim, apaziguada,
ela ocupou seu lugar de honra em meu passado, tornando meu presente muito mais
leve e meu futuro muito mais brilhante.