sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Gente que é gente


Gente que é gente
Ama de repente
Sem formalidade
Ou identidade
Beija com vontade
Um beijo de verdade

Assim sem cerimônia
Nada de vergonha
Chega como em casa
E vai logo e abraça
Pega e amassa
Num aperto que esgarça

Gente assim me desconcerta
Comigo? Nem se aperta
Pra minha etiqueta
Faz careta
Dá pirueta
Chama pra sua lambreta

Gente assim
Me cura de mim

Defeito de olho


Nasci com defeito inconsertável
Primeiros a tentar foram os pais
Depois, os amigos, o mundo
Nada! O desvio é demais!
Aberração

Fui deixada, enfim, de mão
A esbarrar nas esquinas,
Trombando em espaços
Caindo das quinas
Desvão

Olhos que não ajudam não
Só veem o que ninguém vê
Atentos a mundo de nuvens,
Enxergam na sombra um ser
Sem chão

Não evitam tropeção,
Encantados que estão
Com o que veem no vão

Flores de dragão,
Vidas de areia,
Gente de vento
Nesse mundo tateia
Sem tento
Nem veia

Olho que espeta
Esse o do poeta