Voltando do supermercado, não conseguia encontrar a
chave da porta de casa. Todo o conteúdo da bolsa entornado no tapete de boas
vindas e nada! Muito preocupada, pensei que, provavelmente, havia deixado as
chaves na porta. Largando o carrinho de compras no corredor, desci os onze
andares e corri até a, naquele momento, distante portaria – moro no segundo
bloco.
_ Por favor, Francisco,
alguém entregou minhas chaves para você?
Gente, que cara é essa? E por que ele não responde?
E, quando eu já estava prestes a repetir a pergunta, ele
falou:
_ Uma vizinha disse que
a senhora esqueceu sua chave na porta, e ela colocou embaixo de seu tapete.
Disparei prédio acima para ver se as chaves ainda
estavam lá e pôr as compras abandonadas a salvo.
De outra feita, já bem próximo de casa, resolvi
cometer o pecadilho de comer uma besteirinha, na delicatessen da esquina. Se
bem que, nessa minha idade, isso já não é exatamente um pecadilho!
Pois bem, comi, paguei e rumei para casa. Porém,
passando por um petshop vizinho, lembrei-me de comprar um peixinho – o meu havia
feito a passagem recentemente. Busquei os óculos na bolsa para escolher o
peixinho. Não encontrei! Lá estava somente a caixa dos óculos! Procurando não
me desesperar, pois eram os únicos – preciso lembrar-me de fazer um reserva –
voltei à lojinha de guloseimas.
_ Por favor, viram meus
óculos? Foi aqui que os usei pela última vez.
Antes mesmo de a atendente responder, um freguês
disse:
_ Por acaso, não seriam esses que estão em sua
cabeça?
Roxa de vergonha, agradeci e morri (ainda não, mas
gostaria!).
Aconteceu ainda que, chegando de um jantarzinho com as
amigas (Beijos, minhas Belas!), coloquei água no fogo para fazer chá e resolvi
tomar banho. Terminada a ducha, dobrei, separei e guardei umas roupas limpas
que havia tirado do secador, naquela manhã. Passando perto de onde estava o
celular, lembrei-me de que precisava avisar às Belas que havia chegado bem. Êpa,
várias mensagens delas dando notícias e perguntando por mim. Terminados os
pedidos de desculpas e a garantia de que eu também havia chegado bem, fui trocar a
roupa de cama e as toalhas.
Fiz, ainda, todos os preparativos para deitar e foi,
então, que pensei:
_ Puxa, seria bom tomar um chazinho, agora. Vou botar
água para ferver. MEU DEUS, A ÁGUA NO FOGO!!! Gritei, em meu cérebro, e corri
para a cozinha a apagar o fogo da chaleira já preta de tanto queimar!
Li, outro dia, que uma pesquisa científica demonstrou
que esquecimento é sinal de inteligência. Caramba! E agora? Acho que já sou,
praticamente, um gênio!