Risco

Risco de ser feliz, risco de ser dono do próprio nariz, risco de voltar a ser criança, como os netos, qualquer coisinha uma festança, risco de não se importar mais com o crítico olhar alheio, tudo vira esteio, risco de gostar de ser o que se tornou, risco de relaxar os ombros e saber que chegou, risco de amar com calma, risco de gostar tanto do que vê no espelho quanto do que vê na alma!

Convite

Cansada de ver tanto

cerrei os olhos das portas,

das janelas, só um tanto.

Pouco, não importa.

E um mundo se abriu!

Mergulhei minha vida

naquele já distante abril.

É a alma quem convida.

Cento e poucos dias passados

o mundo a limpo passado

o passado agora é passado.

Havia muito para ser

no interior de meu ser:

melhor agora eu vou ser.

É chegado um novo presente

para seres mais presentes:

que fazem do planeta um presente!

Partidas

Flores partindo...

Podem ir, queridas, vão!

E, a cada uma, minha gratidão. 

Essa etapa de suas vidas não foi em vão. 

Floriram minha varanda, meu coração. 

Outras histórias vocês florirão. 

Podem ir sem senão. 

A vida para não:

esta foi só uma sessão;

outra fase as espera no desvão.

Daqui de cima, ficarei a torcer por seus voos,

que, curtos ou longos,

bons sempre serão. 

Irmã

O dia espera o “bomdia”

de minha irmã para

despertar.

Se vira na cama,

espreguiça, se estica todo,

até sua foto do nascer do sol

me chegar.

Se minha irmã não envia

sua fotografia

de fazer romper o dia,

ele me diz que não sabia

e assim não inicia

o dia.

Minha irmã alumia,

faz a vida luzia.

Onde Deus está

Quando alguma preocupação a cabeça me rondar
Ainda que alguma perturbação meus olhos venha a toldar
E se algum incômodo dificultar meu respirar
Mesmo assim saberei que não sou isso que há
Saberei que lá,
como em tudo, Deus está.
O que vejo fora é superficialidade
precisando de claridade.
Então, vou para dentro
busco meu centro
morada da espiritualidade.
Sou o Ser que me cocriou.
Somos Um na realidade
do Amor.

Vidatecida

                     Desfaço-me, buscando o primeiro fio
                  tecido, na infinidade de nós
                    que me tornei.
       

Nina

8888888888 Minha declaração de 

xdddddddddddddddddddddddddddddssssssssssssssssssssss

sssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss

ssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss

ssssssssssssssssssssssssssssssd

amor vai para Nina. Que pediu para subir na mesa do computador e digitou o texto acima.

Não posso imaginar minha quarentena sem ela.

É com ela que converso. É com ela que troco amor, cuidado, carinho.

Outro dia, eu estava na cozinha; e ela, do outro lado do apartamento, em meu quarto. Muitas vezes, quando isso acontece, ela me chama e, quando apareço, ela sai correndo a se esconder. É uma delícia! Sei o que vai acontecer, mas morro de rir mesmo assim. Como nos programas de Vila Sésamo que assistia quando criança: sabia que o garçom ia derrubar a bandeja, mas, quando acontecia, ria a valer. Ela brinca de me chamar! Pois bem, nesse dia, a cena se repetiu, mas com uma variável: o chamado estava mais estridente e repetitivo. Fui sabendo que havia algo dada a urgência em sua voz.

Susto! O quarto estava sendo revirado por uma ventania que vinha do lado do Porto!

Meu apartamento tem duas “frentes”: meu quarto é voltado para o lado do Porto e os outros cômodos, para o lado do Maciço da Tijuca. Aquele vento acontecia somente em meu quarto. Incrível! Lutando contra a furiosa cortina que surrava tudo a sua volta, derrubando os mais fracos, fechei a porta da varanda.

Olhei, então, para uma Nina calmamente sentada no meio da cama a observar.

Eu - pasma! – não sabia o que dizer.

Ela – serena – já havia dito tudo.

Oração

Pai Divino que é Mãe Divina e Tudo o Mais, gostaria de Lhe falar do quanto me sinto em paz.

Cerrando as cortinas do sentido, sinto a vida, fluindo por cada célula de meu corpo; sou meu pulmão a alargar/esvaziar vida; sinto a pele arrepiar de minha alma divino sopro de vida; de meu coração soo o badalar de Sua vida.

Sou o caminhar do cisne em Suas águas benditas; o canto do bem-te-vi a anunciar Suas bem-vistas; o acarinhar de minha gata em mim a dizer: benquista.

Sou o rodopiar de folhas bêbadas ao relento; a pirada pipa na mão do vento; Sua fotocria nos braços do tempo; as mareadas marolas de um mar sem tento.

Alcancei a serenidade almejada, tenho uma paz em Você enraizada.

Conserve-a, por favor, Pai/Mãe/Tudo, em mim ancorada.

Eu sou

Não sei muito. Bem sei! Mas de algo sempre sei.

Sei, por exemplo, que não sei muito bem dessa que sou; em que estrada estou; o que o Universo me reservou. Mas sei que ainda não acabou o tempo de chegar para onde vou. Porém, ele é menor do que quando aqui chegou. É preciso, então, estar atenta a seu valor!

Sei, ainda, desse meu não saber muito bem quando parar. Haverá um caminho a findar? Terá um aonde chegar? Haverá tempo para acabar? Melhor parar de me perguntar e me por a caminhar!

Sei, também, que não sei além. Não saber intelectualmente deixa trabalho à mente, enquanto o coração vai em frente. É preciso seguir a alma da gente!

Meus sessenta

O Que Aprendi Nesses Meus Sessenta:

- Natais. Jesus continua nascendo pra mim, mereça eu ou não. Em Deus não há julgamento. Sempre é tempo para merecimento!

- Primeiros de Janeiro. Cada ano só será novo se eu tiver feito novas escolhas no ano anterior. Não dá para querer que a realidade seja diferente daquela que construí. Garanto a novidade construindo um novo porvir.

- Carnavais. Pode ser triste a alegria, findos os quatro dias. Ser feliz atrás de fantasia é felicidade de alegoria. Todavia, ainda que por um dia: Bem-vinda, Euforia!

- Sextas-feiras da Paixão. Terei também matado Jesus se me traí, se não estiver cumprindo meu plano divino. Ele, por mim, aqui passou. Mereço todo meu amor!

- Domingos de Páscoa. Neste dia a esperança é materializada. Ressurjo com Ele para uma nova vida. Renasço na Semente Querida!

- Aniversários. A oportunidade de acordar com olhos do primeiro olhar; vibrar o primeiro suspirar; voar o primeiro mar. A celebração do presente da vida, do pulsar de seivas agradecidas!