terça-feira, 27 de junho de 2017

Anverso



Sei agora o que sou:
Não a imagem no espelho
Que minha vista distorce,
Mas outra eu
Que dentro dela contorce.

Sei agora o que sou:
Não o que os outros veem
Reflexo da entorse,
Mas outra eu
Que em si destorce.

Sei agora o que sou:
Não o que pensava de mim
Que a vaidade torce,
Mas outra eu
Que esta retorce.

Sigo esperando expelir,
Talvez na tosse,
Esta outra eu
Que de mim,
Enfim,
Tomará
Posse.