domingo, 29 de setembro de 2019

Polos


Não sou de grandes protestos
nem mais de veementes euforias
cheguei ao lugar honesto
de dosar revoltas e alegrias

Se não gosto, não participo
quem aprecie sempre há
e a mim não cabe
julgar ou condenar

Por mais que eu me ache legal
tudo estaria bem mal
se o mundo ideal
só de mim fosse igual

A diversidade me ensina:
há Alguém lá em cima
                                                              que faz melhor rima

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Houve um tempo em que,


o lugar mais seguro era dentro da barraca de lençóis;
e o máximo da liberdade, aprender a dar nós;
o beijo da mãe era cura para qualquer mal;
e a grande ameaça, tratar ferida com sal;
o pique na rua era o máximo da liberdade;
e o canto da cama da avó, a única saudade;
os amigos eram como nossa sombra;
e o chamar de bobo, a maior zomba;
o picolé era a grande ambição;
e o sorriso do menino derretia coração;
o velho do saco era aquele a ser evitado;
e doença, só joelho ralado.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Ilusão


Se eu tiver só certezas, não deixo espaço para o Universo atuar.
Se eu achar que sei o que é melhor para mim, fecho a porta ao divino.
Se eu pensar que sei o que convém ao outro, me acredito maior do que Deus.
Se eu quiser todos os meus desejos atendidos, estarei apostando no fracasso.
Se eu estiver certo de que tenho o controle, dificultarei muito minha evolução.
Se eu escolher viver sem amar o próximo, estarei negando a existência.
Se estou vivendo sem me amar, então, estou recusando Deus!

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Estamos na muda!


Por isso nos sentimos tão nus, frágeis, expostos, sensíveis, irritadiços.
Ela faz parte da vida, do crescimento, da evolução. A muda é inevitável!
Este tempo é de muda e não há nada a fazer senão fluir com os novos ventos, deixando ir o que não nos cabe mais; entender o necessário desnudamento, para que a essência possa ser vista e cobrir nossas asas com penas maiores, mais luminosas e capazes de voar para o destino divino que nos espera; compreender o inexorável ir das folhas antigas, para que a arbusto dê lugar à árvore que estamos destinados divinamente a voltar a ser.
A muda não precisa ser um estado de dor. Se estamos todos expostos, por que nos ferir?
Aceite, confie, entregue e agradeça.
Aceitar é transcender a muda; já somos a gaivota iluminada que precisamos ser!

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Personagens


Somos essencialmente seres divinos, passando por esta escola que é a Terra. Mas, ao longo de nossa vida, vamos criando EUS.

Esses EUS são como papéis que vamos desempenhando; personagens que vamos criando para nossa formação, nossa proteção, nosso crescimento, nossa evolução.

EUS para cada etapa da vida – filho, marido, esposa, pai, mãe;
EUS de acordo com a necessidade de desempenhar funções, tarefas, obrigações – patrão, empregado, chefe, executivo, subordinado;
EUS para que possamos lidar com as várias situações e circunstâncias, enfrentar e resolver problemas, suportar as vicissitudes da vida – perigo, medo, desemprego, insegurança, excessos, escassez.

Então, até aí, tudo bem. É assim mesmo. Isso é saudável. Esse não é o problema.

O problema é ilusoriamente acharmos que esses EUS somos nós. É irmos carregando, por anos e anos e anos, EUS que não nos servem mais; deveriam ser transitórios, eventuais, mas não conseguimos deixá-los para trás. E, assim, vamos carregando e carregando e nos sobrecarregando de EUS que deveriam ter cumprido suas funções e morrido.

Então, nosso problema é não descartar, não deixar morrer esses EUS que não nos servem mais. Serviram somente a um propósito, a uma etapa de nossa existência.

A vida é feita de diferentes degraus; e, a cada um, correspondem aprendizados específicos e, algumas vezes, difíceis. O que exige de nós, para nossa evolução, e, também, sobrevivência física e mental: couraças, armaduras, véus, posturas rígidas, defesas, posicionamentos, lugares de fala, tamanhos, envergaduras, submissão, altivez, obediência. Ou seja, EUS.

Porém, muitos desses EUS já cumpriram sua função.