segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Eco

 

O universo não é oco, nada que se joga nele é pouco.

É eco o universo: não tem só frente, também é verso.

Tudo o que se emana tem eco onde se pensava oco:

o que se diz tem eco, não se perde tampouco;

quando se sente, tem eco e não é tão pouco;

o fazer tem eco e não é nada pouco.

Pronto! Está limpa a ilusão do oco! Do eco a realidade não mais sofro!

Se emano paz, com pacíficos me conecto. Ao difundi-la mais e mais ela cresce sem teto.

Se emano amor, me conecto com amorosos. Sendo muitos nesse clamor, dele jamais seremos onerosos.

Se gratidão emano, mais dádivas chamo de tudo que amo.

O mundo é um imenso eco, bumerangue não só de objeto.

Vai jogar nele que treco?

Pés de alma

Enquanto meus pés não caminham, 
os olhos voam, vão, 
seguem a alma num pula-pula sem teto, 
onde tudo é chão.