quarta-feira, 21 de abril de 2021

 

Um vento entra por mim,
trazendo um aperto na garganta, um frio no coração.
Meu olhar descampado se apoia no canto da árvore da felicidade
que se dobra sem vontade,
enquanto o lírio da paz se queda em oração,
e a buganvília lhe atira flores, numa amorosa ação.
Elas me ensinam a me dobrar para não quebrar.
Quando este vento chega, é preciso deixá-lo atravessar
para não carregar tudo que há.
Ceder é preciso,
não fazê-lo inimigo.
Ele vem por um divino motivo.

 

Saber que tudo passa nem sempre basta
para se valorizar o que não gasta
Dizer amo você não gasta
É bom até pra quem se acha
Agradecer por tudo não desgasta
Antes abre o coração pra receber mais graça
Entregar e confiar nada desperdiça
Portas são grandes apoiadas em dobradiça
Façamos, pois, consumo do que não perde o rumo
Mas sim nos dá aprumo neste mundo de resumos.