segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A chuva hoje me lavou de mim
me levou de mim
para cantos frágeis
paragens carmins.
Com a doçura da água
me fez percorrer
íntima estrada.
Não doía o que via
dor não mais havia.
Chuva sabe a hora de mostrar:
quando se preparado está.

Enquanto houver flores
a polinizar amores,
de nossos sonhos seremos senhores,
potenciais realizadores.


Quanto de tudo existe neste pingo suspenso na fresta do fértil vento, 
do inexistente tempo?
 Quanto dele é lamento? 
Quanto é acalento? 
Carrega o vento nesta água sofrimento? 
Mais tristeza ou mais alumbramento?
Diz-me o cego senso 
que sopra o vento apenas meu puro deslumbramento 
pelo pingo que carrega o vento.



Pai Divino, ao começar este ano que será maravilhoso, 
ponho-me em Seus Braços para agradecer pela dádiva da vida:
respiro vida, sorvo e me nutro de vida, 
tudo que me envolve é vida.
Compartilho vida com tantas e tantas outras vidas! 
Tantas que nem posso imaginar, neste lindo planeta que é... 
vida!
Doravante, Criador, vou celebrar o presente da vida em todos os seus aspectos, 
serei grata por todas as suas manifestações, 
amarei cada forma que ela tomar.
Começarei por honrar e agradecer a partícula de Sua vida, Pai, 
que existe dentro de mim.

 


Dizem que tenho olhos de água. 
Acho que é porque choro as lágrimas que minha mãe não chorou.
Falam que tenho voz embargada. 
Acho que é porque guardo o pranto que minha avó não derramou.
Linhagem de mulheres fortes. 
Sofrimento foi inominável, não restando tempo para lamento.
Era preciso sobreviver e labutar. Por elas e pelos filhos, sozinhas, contra o mundo, lutar.
Sou o que elas não puderam ser: derramamento, prazer, bem viver.
O legado de dor represada fez em mim morada.
Tudo bem, minhas amadas. Sou forte também.
Mas de uma fortaleza que deságua!