segunda-feira, 22 de março de 2021


 

A lua sonolenta se despede de meus olhos insones.
De longe, a solidão da noite espreita o abandono que me consome.
- Fique ainda um pouco mais, lua minha! Não me deixe aqui sozinha.
Ela, mesmo com pena, se vai.
E o estar só de mim se avizinha. Tudo bem, solidão é também companhia.
Não lamento.
Posso, assim, ouvir meus pensamentos.
Quando o mundo se cala,
é possível ouvir
de Deus a fala.

 

Declaro ao Universo que estou pronta a ser renovada, redimida, "resetada",
juntamente com a estação que se inicia.
Que, assim como o outono, eu possa deixar ir 
o que foi necessário, importante,
mas não me serve mais.
Apegar-me a partes mortas é gastar energia necessária ao essencial, ao imorredor.
O que incomoda, aperta, dói
está precisado de ser deixado, largado, despedido.
Agradeço e reverencio, mas vou me despedindo, a cada dia deste ciclo,
de partes minhas obsoletas.
Sacudo-me com ventos que propiciam
renovação, renascimento.
Jazem, no chão de minha existência,
pequeninas eus que tiveram a missão de me sustentar até aqui.
Já posso seguir sem vocês, minhas amadas.
Agradeço pela sustentação.
Já tenho asas!