segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

 

Tem o hábito de cortar caminho por dentro de minha casa o vento.
Ao conhecê-la, foi ele o apresentador, escondendo seu intento.
Ora com cerimônia, chapéu a se retorcer na mão, entra pela sala lento.
Ora sem vergonha, penetrando pelo quarto, percorre-a inteira, em lânguido movimento.
Vez por outra, se demora nas varandas, como a fazer ciúmes a ela, bulindo com as plantas sem tento.
Ontem vestiu as roupas do varal e a tirou para dançar, sem senso.
Hoje, com as cortinas, brincou de chicoteá-la na maior das poses, marrento.
Às vezes, só passa de passagem, o avarento!