quarta-feira, 26 de agosto de 2020

 


O rio, às vezes, pausa sem perder sua causa.

Rio não tem pressa de chegar, sabe seu destino assegurar, com proveitoso vagar.

Afinal, mar não sai do lugar.

O existir está no caminhar, então, rio que é rio sabe aproveitar; vai existindo devagar, salpicando aqui e acolá.

Pausa para tocar o céu, beijar os pássaros, ser das pedras véu.

Aconchegar as margens, nadar os peixes.

Rezar o vento, molhar o relento.

Ser somente sendo, inexistindo um tempo de findamento.

Tornar-se tudo ao derredor, até onde a vista é menor.

Remar com folha! Ser tudo sem rolha!

Indo estando no mesmo lugar que nunca o mesmo, mesmo que parar.

É o remanso do rio a convidar: tudo muda, mesmo se você não mudar; então, mude, mesmo quando parar.