quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Personagens


Somos essencialmente seres divinos, passando por esta escola que é a Terra. Mas, ao longo de nossa vida, vamos criando EUS.

Esses EUS são como papéis que vamos desempenhando; personagens que vamos criando para nossa formação, nossa proteção, nosso crescimento, nossa evolução.

EUS para cada etapa da vida – filho, marido, esposa, pai, mãe;
EUS de acordo com a necessidade de desempenhar funções, tarefas, obrigações – patrão, empregado, chefe, executivo, subordinado;
EUS para que possamos lidar com as várias situações e circunstâncias, enfrentar e resolver problemas, suportar as vicissitudes da vida – perigo, medo, desemprego, insegurança, excessos, escassez.

Então, até aí, tudo bem. É assim mesmo. Isso é saudável. Esse não é o problema.

O problema é ilusoriamente acharmos que esses EUS somos nós. É irmos carregando, por anos e anos e anos, EUS que não nos servem mais; deveriam ser transitórios, eventuais, mas não conseguimos deixá-los para trás. E, assim, vamos carregando e carregando e nos sobrecarregando de EUS que deveriam ter cumprido suas funções e morrido.

Então, nosso problema é não descartar, não deixar morrer esses EUS que não nos servem mais. Serviram somente a um propósito, a uma etapa de nossa existência.

A vida é feita de diferentes degraus; e, a cada um, correspondem aprendizados específicos e, algumas vezes, difíceis. O que exige de nós, para nossa evolução, e, também, sobrevivência física e mental: couraças, armaduras, véus, posturas rígidas, defesas, posicionamentos, lugares de fala, tamanhos, envergaduras, submissão, altivez, obediência. Ou seja, EUS.

Porém, muitos desses EUS já cumpriram sua função.

Ex-eus


Deixar ir é permitir que morra. Mas a morte não é o fim.
A semente não morre para a planta nascer?
O milho não morre para a pipoca surgir?
O botão não morre para a flor florir?
Então! Morrer é renascer maior, melhor, com propósito mais elevado.

Um pedaço do caminho não é o caminho todo. Deixar findar uma etapa do caminho é recomeçar a caminhar bem mais na frente deste mesmo caminho. Sabemos que estamos avançando numa estrada, se a paisagem muda, não é? Progredimos, se passamos por paisagens diferentes que vamos deixando para trás, não é assim? Sabemos que estamos seguindo em frente porque o chão que pisamos é outro e outro e outro.

As folhas que morrem no galho, aquelas mais junto ao tronco, possibilitam o nascer do broto na frente, no alto desse mesmo galho. A morte das folhas antigas possibilita ao galho ir mais longe. Se a planta não permitisse que suas folhas morressem, ela não cresceria.

Da mesma forma, se queremos crescer, evoluir, precisamos deixar para trás o que nos serviu, mas não serve mais. Deixar ir o que não somos mais, para ser o que precisamos ser.

Eus


A cada fase da vida, de acordo com a necessidade, vamos criando eus para lidar com as dificuldades, problemas, vicissitudes e etapas de nossa existência. São como papéis que vamos desempenhando; personagens que vamos criando para nossa formação, nosso crescimento, nossa evolução.
Até aí, tudo bem. Isso é natural.
Então, isso não é problema. O problema é se acredito que esses eus que crio sou EU. Acreditando nisso, posso ir carregando, por anos e anos e anos, eus que não me servem mais, que deveriam ser transitórios, pois surgiram para exercer uma função e já o fizeram.
Minha ilusão de que esses eus sou eu me faz ir carregando e carregando e carregando eus. Sobrecarregando-me de eus, devido à minha incapacidade de entender que esses eus já cumpriram seu propósito e deveriam ser passado, ficar no passado. Porém, a ilusão na qual vivo me impede de deixá-los em seus lugares e tempos devidos.
É preciso que eu os veja como antepassados de mim mesmo. E antepassado ocupa um lugar no passado.
Naturalmente, os ascendentes merecem e devem ser honrados, reverenciados e ter suas evoluções compreendidas, reconhecidas, incorporadas e agradecidas, mas é preciso deixá-los no passado.
Minha avó fez seu caminho e passou o bastão para minha mãe continuar esse caminhar de um jeito novo, próprio; minha mãe não é minha avó.
Minha mãe fez seu caminho e passou o bastão para mim, pra que eu continue esse caminhar de um jeito novo, meu; eu não sou minha mãe, embora seja, também, a soma de todas as experiências e caminhares daqueles que me antecederam.
Meu trabalho constante de consciência e amor é um perpétuo me despojar de eus para ser, enfim, EU.
Edna Farias,
Mestre de Reiki
Quando a Alma Fala
Ednamfarias.blogspot.com