Somos essencialmente seres divinos, passando por esta
escola que é a Terra. Mas, ao longo de nossa vida, vamos criando EUS.
Esses EUS são como papéis que vamos desempenhando;
personagens que vamos criando para nossa formação, nossa proteção, nosso
crescimento, nossa evolução.
EUS para cada etapa da vida – filho, marido, esposa,
pai, mãe;
EUS de acordo com a necessidade de desempenhar
funções, tarefas, obrigações – patrão, empregado, chefe, executivo, subordinado;
EUS para que possamos lidar com as várias situações e
circunstâncias, enfrentar e resolver problemas, suportar as vicissitudes da
vida – perigo, medo, desemprego, insegurança, excessos, escassez.
Então, até aí, tudo bem. É assim mesmo. Isso é
saudável. Esse não é o problema.
O problema é ilusoriamente acharmos que esses EUS
somos nós. É irmos carregando, por anos e anos e anos, EUS que não nos servem
mais; deveriam ser transitórios, eventuais, mas não conseguimos deixá-los para
trás. E, assim, vamos carregando e carregando e nos sobrecarregando de EUS que
deveriam ter cumprido suas funções e morrido.
Então, nosso problema é não descartar, não deixar
morrer esses EUS que não nos servem mais. Serviram somente a um propósito, a
uma etapa de nossa existência.
A vida é feita de diferentes degraus; e, a cada um,
correspondem aprendizados específicos e, algumas
vezes, difíceis. O que exige de nós, para nossa evolução, e, também,
sobrevivência física e mental: couraças, armaduras, véus, posturas rígidas,
defesas, posicionamentos, lugares de fala, tamanhos, envergaduras, submissão,
altivez, obediência. Ou seja, EUS.
Porém, muitos desses EUS já cumpriram sua função.