segunda-feira, 22 de novembro de 2021

 

À raça ancestral de maior porção em mim:
- nossa pele chega primeiro e não disfarça seu poder de brilhar e despertar estranheza ou paladar. Sorte; muitas vezes, azar!
- nosso cabelo a provocar e anunciar a auréola selvagem, desde a leonina primeira imagem.
- nosso olhar que não esconde o muito que viu e onde.
- nosso nariz perfeito para haurir toda a grandeza que a vida oferece em cada pequeneza.
- nossos lábios prontos a dar e receber generoso prazer e querer próprios de divino ser.
- nosso desejo de sorver tudo e além, devolver o infinito amor que tem.
- nossa força de alma antiga, imemorial a testemunhar a vida imortal.
- nossa altivez de quem sabe já ter sido rei, escravo, dono, cambono, neste universo de ilusório trono.
- nossa perseverança em continuar sendo o próprio caminho e destino, apesar do mundo em desatino.
- nossa bravura do tamanho de uma raça a serviço da construção da paz; que de mim ela parta.
- nosso viver exuberante a festejar o maior presente que a vida dá: aqui estar.
Eu, hoje, os reverencio por terem me trazido até este momento. Reconheço todo o sofrimento.
Orgulho-me de ser cada um de vocês, desde o primeiro pé africano de cuja descendência me ufano.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

 

Minha sombra também sou eu.
A versão de mim que mais sofreu.
Ilumino minha sombra com amor e compaixão.
Minha sombra também eu sou.
A imagem de mim que soçobrou.
Ilumino minha sombra com amor e compaixão.
Renegar minha sombra
é perder a oportunidade de esse eu sarar.
É passar por aqui sem me curar.
Vejo, acolho, agradeço e ilumino
o que em mim ainda é sombra.
- De mãos dadas, caminhemos,
para a Luz, minha amada!

 

Perdoar não é compactuar ou esquecer.
Perdoar é se livrar do peso do julgar,
é se libertar do peso de condenar.
Pois, nessa posição de juízes, somos autoprisioneiros.
Cumprimos autopena:
tempo, energia, mágoas, ressentimentos, ódios.
Mas e se deixássemos com o outro
o ônus de ser quem é,
de ter feito seja lá o que fez?
Assim pensando,
eu perdoo e desejo que você siga seu caminho em paz
e eu seguirei o meu caminho também em paz,
pois já sem o peso de seu existir.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

 

Durante uma aula de Reiki Nível I, um aluno me perguntou:
_ Mestra, por que tem a frase Bem Te Vejo em tudo que você escreve?
Encantada com a deferência dele ao se dirigir a mim, agradeci pela gentileza e passei a explicar.
Primeiro, falei de afirmações positivas. Somos o que afirmamos ser, somos o que acreditamos ser, somos o que pensamos ser; enfim, somos o que criamos. Então, escolho já ver todos que me chegam como os seres saudáveis que essencialmente são.
Como filhos do Criador, somos divinos e originalmente saudáveis. Mas podemos, momentaneamente, estar doentes. Doença que nós mesmos criamos em nós.
Deveríamos, inclusive, pedir perdão a nosso corpo, pois ele era saudável e nós o adoecemos. Deveríamos pedir perdão a:
- nosso fígado, pois ele era saudável e o envenenamos com nossa raiva;
- nossos intestinos e rins, pois eles eram saudáveis e os envenenamos com nossa culpa, com nossas preocupações;
- nosso estômago, pois o envenenamos com nossa vergonha;
- nosso coração, pois o envenenamos com nosso pesar;
- nossos pulmões, pois os envenenamos com nossa tristeza;
- nossa garganta, pois a envenenamos com nossas mentiras;
- nossa mente, pois a envenenamos com nossa ilusão, com nosso apego à matéria.
Deveríamos, portanto, pedir perdão a todos os nossos órgãos. Eles eram saudáveis e nós os adoecemos com as toxinas produzidas por nossas emoções e sentimentos desequilibrados.
Então, BemTeVejo é uma afirmação positiva para nos fazer ver – tanto eu quanto você! – além da aparência, nos fazer ver com os olhos da alma.
Já vejo você bem, saudável e muito feliz. Pois assim você foi criado e este é seu destino de filho de Deus!


A maior luta que preciso lutar
é comigo e meu julgar,
meu condenar, meu castigar.
Se para dentro eu mergulhar e experimentar
amorosamente me olhar,
saberei me perdoar
e não mais me boicotar
e martirizar e chicotear.
Saberei, ainda, abandonar
o me vitimizar.
Tudo o que comigo há
me foi atraído por meu comportar,
por meu emanar.
Por mim, assim,
vou 100% me responsabilizar!
Esse é o verdadeiro curar,
a luta que vale lutar!

 

Subindo pelo abacateiro, chegava ao muro sobre o qual caminhava até a laje da caixa d'água para a qual me içava com um impulso grande do corpo pequeno. Dali, esgueirando sob fios elétricos e driblando canos, chegava ao paraíso: o telhado da casa ainda quentinho do sol que acabara de se pôr!
Deitava-me nas telhas mornas como quem está no colo da terra, tendo como coberta um céu que entrava por meus olhos - ou era eu que me dissolvia nele? -, enquanto se pintava de um azul cada vez mais escuro; me perdia.
E a primeira estrela me trazia de volta pra terra, me tornando de novo o corpo da criança que eu era 23 horas por dia.
Ah, vi meus pés crescerem sobre aquele muro.
Aquela uma hora do dia me salvava de mim!
Gratidão imensa a meus olhos!

terça-feira, 17 de agosto de 2021

 

Inquietação. Nada me cabe.
Mister algum me sabe.
Perambulo pela casa
alma assim sem asa.

Pouso nenhum.
Alvoroço incomum.
Aflição calada
torna tudo nada.

Palavra que falha.
Escrever sara?
Vou tentar esta fala.

 

A anciã que mora mim
se fez sentir e ouvir
seu vagar, seu calar
seu ser sem fim.

Quem vinha falando
era a menina traquina
de vontades, liberdades,
uma peralta e tanto.

Há o adulto também
quer mandar ahahah
cheio de sérios critérios
mas... só diz amém.

Se a fundidade é anciã
e a fluidade é criança,
a metade será sã.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

 

Perdoar não é compactuar ou esquecer.
Perdoar é se livrar do peso de julgar,
é se libertar do peso de condenar.
Nessa posição de juízes, somos autoprisioneiros.
Cumprimos autopena: tempo, energia, mágoas, ressentimentos, ódios.
Mas e se deixássemos com o outro o ônus de ser quem é,
de ter feito seja lá o que fez?
Assim pensando,
eu perdoo você e desejo que siga seu caminho em paz
e eu seguirei o meu caminho também em paz,
pois sem o peso de seu existir.

 

Partidas são recomeços
com caminhar enriquecido
(mesmo que de tropeços),
muito, muito mais rico.
Morrer
é num caleidoscópio
viver.

 

Do que será que,
mesmo nos sabendo seres livres,
ainda somos prisioneiros?

sexta-feira, 18 de junho de 2021

 

A anciã que mora mim
se fez sentir e ouvir
seu vagar, seu calar
seu ser sem fim.

Quem vinha falando
era a menina traquina
de vontades, vaidades
uma peralta e tanto.

Há o adulto também
quer mandar ahahah
cheio de sérios critérios
mas... só diz amém.

A profundidade é anciã
a fluidade é criança
a metade será vã


 

Ah, a liberdade da solidão!
Do só se dizer sim
sem medo de alheio não.
O estar só por vontade
sendo de seu universo
a verdadeira verdade.
E é assim, unitário,
que posso ser
do outro solidário.
Ele não está fora.
Pelo contrário!

segunda-feira, 7 de junho de 2021

 

Cada caminho é o caminho.
O importante é caminhar.
São diferentes os espinhos.
Então, não compete julgar.

Os rios são enguia
de a água moldar.
Diferentes almas há
para diverso mar.

O salto do outro
cabe em seu saltar
e não é pouco ou oco.