segunda-feira, 22 de novembro de 2021

 

À raça ancestral de maior porção em mim:
- nossa pele chega primeiro e não disfarça seu poder de brilhar e despertar estranheza ou paladar. Sorte; muitas vezes, azar!
- nosso cabelo a provocar e anunciar a auréola selvagem, desde a leonina primeira imagem.
- nosso olhar que não esconde o muito que viu e onde.
- nosso nariz perfeito para haurir toda a grandeza que a vida oferece em cada pequeneza.
- nossos lábios prontos a dar e receber generoso prazer e querer próprios de divino ser.
- nosso desejo de sorver tudo e além, devolver o infinito amor que tem.
- nossa força de alma antiga, imemorial a testemunhar a vida imortal.
- nossa altivez de quem sabe já ter sido rei, escravo, dono, cambono, neste universo de ilusório trono.
- nossa perseverança em continuar sendo o próprio caminho e destino, apesar do mundo em desatino.
- nossa bravura do tamanho de uma raça a serviço da construção da paz; que de mim ela parta.
- nosso viver exuberante a festejar o maior presente que a vida dá: aqui estar.
Eu, hoje, os reverencio por terem me trazido até este momento. Reconheço todo o sofrimento.
Orgulho-me de ser cada um de vocês, desde o primeiro pé africano de cuja descendência me ufano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário