segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

 


Dizem que tenho olhos de água. 
Acho que é porque choro as lágrimas que minha mãe não chorou.
Falam que tenho voz embargada. 
Acho que é porque guardo o pranto que minha avó não derramou.
Linhagem de mulheres fortes. 
Sofrimento foi inominável, não restando tempo para lamento.
Era preciso sobreviver e labutar. Por elas e pelos filhos, sozinhas, contra o mundo, lutar.
Sou o que elas não puderam ser: derramamento, prazer, bem viver.
O legado de dor represada fez em mim morada.
Tudo bem, minhas amadas. Sou forte também.
Mas de uma fortaleza que deságua!

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