Vivo a me despir do tempo.
Outro dia, ouvi uma pessoa falar para
outra a meu respeito: “Ela não é assim!” De outra feita foi: “Ela não
gosta disso!” “Aquilo sim é a cara dela”.
Quando coisas assim
acontecem, já não dou uma resposta direta, apenas sorrio, pensando: “Nem
eu sei como sou com essa certeza toda! Quantas coisas das quais eu não
gostava surpreendi-me a apreciar, de quantas outras antes admiradas
passei a tolerar se inevitáveis.”
Com o desvestir do tempo, se vão eus que não me servem mais, não me cabem mais ou não ficam mais bem nesta eu.
Ah, se soubessem o quanto mudo; páginas e páginas, cada vez mais rapidamente.
Certezas há muito ultrapassadas jazem no cemitério do que vou sendo, des-sendo e descendo em direção a mim.
Vivo a dobrar esquinas de mim desconhecidas.
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